Você nem imagina e o amor duas vezes perdido

Uma síntese de poesia, referências e apostar no que já foi realizado.

Imagem oficial do filme Você Nem Imagina, da Netflix

A mais recente aposta da Netflix, Você nem imagina (The Half of It, EUA, 2020), da diretora e roteirista Alice Wu, chegou à plataforma no mês de maio prometendo um drama de maturação (coming of age), assim como Para todos os garotos que já amei e Barraca do beijo. O filme anuncia já no trailer que abordaria questões LGBTQI+, mas, apesar de aborda-las com naturalidade (o que é legal) ele ainda cai na fórmula já cansada e redesenhada milhares de vezes pelo cinema. Por outro lado, reúne a felicidade de se referenciar em obras que sempre nos trarão alguma nostalgia, nesse caso, a peça de teatro Cyrano de Bergerac, escrita por Edmond Rostand.

Filme Você Nem Imagina
Filme Você nem imagina. Créditos: Netflix.

Ou seja, o filme tenta trabalhar uma sutileza no desenvolvimento das personagens. É como se ele nos falasse indiretamente que sim, elas são e estão apaixonadas mas entregar isso ‘de cara’ dando a chance ao público de confundir esse romance com mais um dos rompantes da adolescência seria, além de maldade, um desserviço ao filme. Ao olhar Você nem imagina sob o olhar de um Cyrano de Bergerac moderno, unido às questões atuais e referências teens entendemos exatamente o que ele quer nos dizer.

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E aí que é nessa seara de mesclar referências clássicas da literatura inglesa com os arquétipos e fórmulas dos filmes teenage que Você Nem Imagina foge do lugar-comum, ao tratar de temas tão caros aos adolescentes dentro com contexto LGBTQI+ de forma natural e comum. A protagonista ser lésbica não é o problema ou “A” questão do filme, e nem deveria ser. Afinal, estamos cansados da maioria dos roteiros acharem que o maior problema de um gay ou uma lésbica é o fato dele/dela ser gay. Não é. É importante entendermos que independente da nossa orientação sexual, todos nós temos questões complexas, como o primeiro amor, autodescoberta e amadurecimento.

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No entanto, ao falar de cinematografia podemos concluir que não há nada de novo ou extraordinário. A fórmula utilizada principalmente em filmes cult, é mais uma vez abordada aqui. Desde a reafirmação do roteiro no ato final, aos diálogos acompanhados dos planos mais abertos metaforizando o amadurecimento dos personagens, a paleta de cores em tons pastéis, a atração dos personagens masculinos pela nerd tímida ao longo da história, entre outros… E, entendam, seguir a fórmula não é ruim ou um problema é apenas uma decisão do diretor que assumir uma abordagem mais segura. Nesse caso, há claramente decisões mais segura de roteiro e cinematografia para uma abordagem um tico mais inovadora.

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Ariana, formada em marketing e em cinema, é dona de vários apelidos, acredita que foi abençoada com um grande coração e em contrapartida um pavio bem curto. Sua melhor definição são os excessos.

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