‘Observadores’ apresenta boa premissa com execução inconstante

“Observadores” (2021), novo longa de suspense original da Amazon Prime Video, se apresenta como um mix entre “Janela Indiscreta” e os mistérios eróticos dos anos 80 e 90. A trama conta a história de um jovem casal, Pippa (Sydney Sweeney, “Euphoria”) e Thomas (Justice Smith, “Pokémon: Detetive Pikachu”).

Longa de suspense original se apresenta como um mix entre “Janela Indiscreta” e os mistérios eróticos dos anos 80 e 90

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Divulgação

“Observadores” (2021), novo longa de suspense original da Amazon Prime Video, se apresenta como um mix entre “Janela Indiscreta” e os mistérios eróticos dos anos 80 e 90. A trama conta a história de um jovem casal, Pippa (Sydney Sweeney, “Euphoria”) e Thomas (Justice Smith, “Pokémon: Detetive Pikachu”). Ao decidirem morar juntos, eles se mudam para um apartamento de longas janelas de vidro que olha diretamente para o apartamento de Seb (Ben Hardy) e Julia (Natasha Liu Bordizzo). Sendo capazes de observar praticamente todos os aspectos da vida dos vizinhos, Pippa entra em uma obsessão que acaba tendo consequências drásticas para todos os envolvidos.

O longa dirigido e roteirizado por Michael Mohan bebe na fonte dos suspenses eróticos de décadas passadas para montar sua narrativa; uma boa premissa, já que filmes do tipo, que contém potencial para histórias absurdas porém divertidas e sensuais, infelizmente se tornaram escassos. Onde a obra de Mohan pisa em falso é quando tenta apresentar uma trama que se leva muito a sério na maioria dos seus momentos. O que não seria um problema, se o filme todo fosse por essa rota. Porém o terceiro ato acaba jogando pela janela muito do que foi construído até ali, pedindo que a audiência aceite o absurdo de suas situações já em seus momentos finais.

Olhando mais de perto

Enquanto o marketing do filme faz parecer que Pippa e Thomas ficam igualmente obcecados com seus vizinhos, na realidade Pippa é a protagonista e a pessoa que começa a ultrapassar a linha do que é aceitável na sua curiosidade. O desenvolvido do relacionamento do casal protagonista não é bem explorado. Entendemos superficialmente como é a dinâmica entre os dois, mas não é o suficiente para que seja possível compreender de fato seu relacionamento ou o que os fez estarem juntos para começo de conversa. A ausência de desenvolvimento do personagem de Smith faz falta quando o filme pede para que exista uma conexão da audiência com ele quando isso não é construído anteriormente.

Já Sydney Sweeney é o ponto alto da obra e consegue ofuscar praticamente todos com quem contracena. Apesar de Pippa não ser uma protagonista por quem dá para torcer o tempo todo pela gravidade de suas ações, ainda assim é possível se sentir investido na sua história e acabar desejando que as coisa s deem certo para ela, pois é fácil se colocar no seu lugar e imaginar o que você próprio faria naquela situação. O filme constrói bem o enigma em relação às vidas de Seb e Julia, e instiga a audiência a querer saber mais sobre ambos desde sua primeira aparição, assim como Pippa. É uma pena que apesar das cenas de sexo que filmam os corpos dos atores sem nenhum pudor, nenhum dos casais que participam dessas cenas tem, entre si, uma química de tirar o fôlego como seria esperado de um filme que retrata tantos momentos íntimos entre seus personagens.

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A direção de Mohan acaba se mostrando mais forte do que seu texto, principalmente na forma que ele decide filmar momentos que poderiam ser mais do mesmo, mas onde ele faz questão de trazer algo a mais para que o visual do filme não caísse na mesmice. Dois desses momentos que chamam atenção são uma sequência onde ele mostra como Pippa se sente ao observar tão intimamente os vizinhos, e como suas interações com outro personagem se iniciam, para demonstrar como eles se sentem paralisados nessas ocasiões. As cores fortes utilizadas pela cinematografia de Elisha Christian (do espetacular “Columbus”) também ajudam a deixar o filme mais interessante ao sair do estereótipo de suspense com cores frias dominando a tela.

Um filme para entretenimento

Apesar de ainda ser uma história divertida para quem quer apenas desligar o cérebro por duas horas (e, sinceramente, depois do último ano, quem não quer exatamente isso?), o plot twist, acaba sendo previsível e batido. Ele encaixa alguns aspectos da trama, porém apresenta revelações que se você continuar pensando demais sobre após o final, rapidamente percebe como grande parte daquilo não faz sentido. E piora, quando uma das suas revelações é explicada em três cenas distintas isso se agrava ainda mais. O que faz parecer que o texto duvida da inteligência de quem está assistindo ao desenvolver demais, algo que dá para ser facilmente entendido de primeira.

O absurdo do que é apresentado pode ser para muitos a parte mais divertida da narrativa, mas em contrapartida também pode acabar tirando a imersão da história de forma brusca para quem estava envolvido até então. É possível entender o propósito por trás dessas escolhas e mesmo assim não gostar completamente da forma que foram executadas. Entretanto, para fãs de suspense que sentem falta de um aspecto diferente em seus thrillers e dependendo do que cada pessoa está disposta a relevar, a estreia do Prime Video, apesar de seus pontos negativos, talvez ainda mereça uma chance.

Livia Almeida

Lívia Almeida é comunicadora formada em Rádio, TV e Internet pela UFPE, experiência que a permitiu ter contato com as mais diversas áreas do audiovisual. Tem a sétima arte como companheira desde que se entende por gente, e esse amor pelo cinema se transformou em uma grande vontade de compartilhar suas experiências cinematográficas com outras pessoas. Além do Cinerela, também atua no momento como crítica de cinema no Cinema com Rapadura e no CineSéries. É apaixonada por gatos, música pop e filmes de terror com personagens femininas marcantes.

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