Entre Irmãs: uma trajetória novelesca de encontros e desencontros

É com um drama novelesco e uma trilha sonora que beira o exagero, reforçando o aspecto de filme para TV, que Breno Silveira (2 filhos de Francisco; Gonzaga: de Pai para Filho…) marca o seu novo filme, Entre Irmãs, baseado no livro A Costureira e o Cangaceiro, da pernambucana Frances de Pontes Peebles. Breno parece já ter uma assinatura estética bem definida alçada através do regionalismo estético.

No livro Revisão crítica do cinema brasileiro, Glauber Rocha, que apesar da influência da Nouvelle Vague Francesa, falava que a originalidade dos bons diretores é alcançada quando “não estiverem submetidos à técnica mecânica dos estúdios, mas à procura que investe na técnica uma ambição expressiva”. O que me parece uma boa perspectiva para ter um olhar mais demorado sobre o novo trabalho do diretor. Levando principalmente em consideração sua filmografia, que já sinaliza um padrão estético bem definido, mas com poucos paralelos e desenvolvimento. É bonito? é. Mas, parece ser sempre mais do mesmo.

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Pôster Oficial

O longa narra a história de Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) que além de serem mulheres com personalidades bem distintas, também  carregam perspectivas e olhares sobre a vida bem diferentes. Enquanto uma sonha com a liberdade, a outra sonha com o casamento. Enquanto uma, em sua trajetória, por destino ou acaso, apaixona-se, a outra: descobre que a vida é uma caixinha de surpresas, e para ambos os lados – bom e ruim.

Luzia e Emília representam uma dualidade muito crítica, e real, às funções/papéis da mulher na sociedade. Esteriótipos esses, que por muito tempo foram colocados na nossa frente como as duas únicas opções de identificação, enquanto, na realidade, podemos nos identificarmos da maneira que quisermos. Entenda:

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Luzia, claramente inspirada em Maria Bonita, tem um perfil mais rebelde. Mulher que vai pra rua lutar. Forte. Aquela que não tem medo de nada e que é apontada por muitos como sem classe.

Emília quer casar e encontrar o príncipe encantado. Gosta de moda e sonha em morar na capital. Seus planos sempre envolvem a ideia do amor romântico – do pai ao marido.

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Mas, antes que você possa pensar que o filme irá reduzir essas personagens ao mero esteriótipo ilustrado acima, ele começa a construir uma sequência de eventos, onde elas se vêem em situações de descoberta, conhecimento do amor e da sexualidade, de uma forma até previsível e caricata. Mas, que cumpre o propósito de entreter e funciona como um bom “telefilme”.

O roteiro cria alguns acontecimentos incitantes para o desenvolvimento das personagens, porém, acaba criando outros núcleos e outras histórias que por si só não acrescentam em nada para a narrativa, apenas prolonga o tempo do filme.

cacau

Ariana, formada em marketing e em cinema, é dona de vários apelidos, acredita que foi abençoada com um grande coração e em contrapartida um pavio bem curto. Sua melhor definição são os excessos.

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